terça-feira, 10 de abril de 2012

E agora Educador?!


Diariamente o contato em sala de aula, remete o educador ao convívio com inúmeras realidades e conflitos relativo ao processo de aprendizagem. Educar consiste em olhar com carinho para cada vida que nos é confiada a cada início do ano letivo, uma vez que a sala de aula analisada por diversas dimensões, nos  propicia perceber que a cada maneira de olhar vemos os desafios e atitudes a serem desencadeados em prol do sucesso pedagógico.
              Entender que o “fazer pedagógico” não depende do currículo a ser trabalho, mas da valorização do saber empírico que cada criança traz consigo para a escola, de modo que a metodologia adotada pelo educador é que norteará o caminho a ser percorrido em virtude dos resultados esperados a serem atingidos. Na verdade a porção reveladora para o fazer pedagógico alia-se a constantes experiências desenvolvidas em sala de aula, a qual revela-se como um laboratório de novas metodologias e condutas a serem construídas em consonância com o conhecimento teórico, como afirma Arroyo: “A escola possível, sem dúvida, depende de seus profissionais; sem a sua competência, crédito e trabalho, nada será possível.” (ARROYO,1991,p.47).
             Para o professor saber o que vai ensinar, ele norteia-se na proposta curricular  a qual é arraigada em seu interior, deste sua formação inicial no sistema de ensino, porém reconhecer sua identidade como educador sugere conhecimento de teorias didáticas e análise textuais de diversos pesquisadores da área de educação para que possa formar sua identidade e definir sua linha de atuação.
O confronto com o que “fazer” e “como fazer” é que estimula e aguça a busca da compreensão do campo do aprender, lidar com situações novas e desafios estimulando o educador com predisposição á inovação, ou por outro lado, poderá acarretar descontentamento e uma sensação de impotência mediante situações cotidianas em sala de aula. Com isso, conhecer suas habilidades e suas áreas de interesse com o intuito de se identificar como profissional e revelar sua competência.  Este fato por mais sutil que pareça ser, às vezes, passa despercebido no decorrer da vida ativa do profissional e acumulam situações de intensas frustrações. E neste momento o aluno recebe toda a carga por parte do educador que a descarrega involuntariamente, no decorrer do ano letivo, além das fragilidades em relação aos paradigmas que envolvem a formação do educador para sala de aula.
            Quando me refiro a Identidade Profissional (IDP) é simplesmente por observar no decorrer da minha vida profissional este quadro que ataca como um vírus os docentes e que disfarçado na negação da profissão aniquila e desestimula o profissional da educação. Não obstante desta problemática, outros fatores que atingem o contexto em questão: i) A não valorização do profissional como classe que modifica o pensamento e constrói vínculos com a cidadania; ii) As difíceis condições de trabalho em relação aos recursos humanos e pedagógicos; iii) E consequentemente, a precariedade da aplicação das políticas públicas na educação e os problemas estruturais. Não saliento a inexistência das políticas, mas a forma como cada governo realiza sua leitura e sua vulnerabilidade reforçada a cada governo.
             Mediante tais pressupostos é que o educador precisa definir-se como parte essencial do processo de mudança e construir sua identidade profissional, para que seja esta a ponte entre a sociedade e a escola como instituição modificadora, mesmo defronte aos obstáculos e problemas a serem enfrentados no cotidiano escolar, reagindo como instrumento de transformação social. É neste contexto que se encontra boa parte do perfil dos concluintes dos cursos de licenciatura ao perceber que terá que construir conhecimento e formar opinião a cerca de como ensinar?       
             A aplicabilidade dos conceitos aprendidos viabilizam à mediação a cerca do que vou ensinar e como ensinar. O hábito de leituras voltadas a práxis facilitam nossa compreensão e nos abre leques  para criação de atitudes e práticas condizentes ao fazer pedagógico. Nesta dinâmica o processo de ensino aprendizagem necessita de uma mediação voltada ao campo de interesse de quem ensina concomitantemente com quem aprende, tornando a aprendizagem significativa, porém, agir intervindo na construção de novos conceitos a cerca do cotidiano estudado nas escolas.
              Em se tratando da prática inclusiva é que a situação obscurece. Formar uma identidade profissional já parece ser uma mudança de grande repercussão profissional, estabelecer um novo parâmetro é então um tanto tenebroso. Parece até radical a relação com o termo “tenebroso”, mas a maneira com que o educador se vê diante de um educando extremamente comprometido seja: sistema neural, motor ou psíquico na sala de aula com mais algumas crianças com padrões ditos “normais” este se pergunta: O que fazer? Como proceder com este ou aquele? O que posso ensinar a este? Enfim surgem inúmeras indagações que podem pesar para direções opostas, compreendidas entre a realização ou a sensação de impotência profissional. Além, é claro das leituras, estudos e formações é necessário que o educador conheça suas potencialidades diante dos fatos, mergulhe na sensibilidade e não no sentimento de “pena”, busque estudo efetivo dos teóricos conhecendo o que pensam e quais resultados obtiveram em suas pesquisas no decorrer da evolução do processo de ensinar.
             A transformação do pensamento inclusivo deve nascer no sentido da  percepção que envolve o ato de incluir , como incluir e quando incluir? Partindo do princípio de que não há uma receita pronta ou modo de preparo para este fato e que o educador vaga entre o que fazer e como fazer. Porém, nesta incessante busca percebe-se que na dinâmica social em que nos encontramos hoje o caminho para vitórias se baseia na dedicação, estudo, compreensão e aceitação de que há diferentes inteligências, como afirma Gardner e infinitas coordenadas que convergem para um mesmo ponto: a escola / sociedade.
Repensando o contexto da “Educação” o debate a cerca das temáticas que geram reflexões sobre a IDP expõem nosso potencial como educador. Então, definir a IDP envolve o amadurecimento da vida profissional e uma ampla compreensão do papel do educador, seguindo uma análise profunda das questões que envolvem o educando e o (re) conhecimento da sua realidade e suas contribuições culturais e intelectuais na formação cidadão.

                                 Patricia Monteiro/Especialista em Educação Inclusiva

2 comentários:

  1. Quando você me comentou se eu tinha lido esse texto, eu ainda não o tinha feito, tem muito haver com o tema da minha monografia mesmo, formar a identidade profissional docente é importante, digo fundamental para mudar a dita realidade do mundo.
    Muito bom Patrícia XD

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  2. Então, caso queira sugestões vamos trocando ideias neste espaço .
    Eu acredito na Formação da IDP para o profissional em qualquer área que atue, porque assim, atinge seus objetivos e satisfação pessoal ao exercer sua profissão, afinal , esta é sempre uma ESCOLHA.
    Estou feliz com sua leitura e divulgue este pensamento para seus colegas valerá a pena!
    Bjos.

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